EXT.Cemíterio.Dia 3
O vírus criado pelo homen era um aerotransmissível de vida curta e tinha se dispersado rapidamente, infectando cerca de metade da população da ilha...mas os novos infectados correram atrás da outra metade, espalhando a doença. Alguns conseguiram escapar logo depois, mas entre os infectados, fugir tinha se tornando uma fria opção. A ilha inteira estava infestada. Talvez foi o que deveria ser. Talvez todos nos tivemos o que merecíamos. Rodrigo sabia que não era um homem ruim, mas não queria se enganar, ele também não era o mocinho. Ele já se fez de cego para coisas muito ruins em troca de um bom pagamento, e por mais que quisesse entregar a verdade, ele não podia negar sua participação no apocalipse que agora o cercava. Ele nunca considerou que algo assim poderia acontecer com sua equipe e consigo.
Outro cadáver passou perto de seu abrigo temporário. Rodrigo instintivamente agachou mais, e novamente teve que se esforçar para não desmaiar, a dor chocantemente intensa. Ele já tinha quebrado costelas antes; mais isso era diferente,algo interno. Fígado perfurado, talvez, morte certa se não conseguir ajuda. Considerando que a onda de azar permanecia, ele acabaria perdendo todo o sangue antes que alguém o comesse...
Seus pensamentos estavam vagando, a dor tinha se aprofundado e por mais que quisesse descansar, havia a garota, ele não podia se esquecer dela. Ele estava perto agora, muito perto. Um dos guardas, a tinha deixado inconsciente antes de fazer o exame físico e preencher o formulário, e isso tinha sido antes do ataque. Ela ainda devia estar na cela de isolamento, a entrada para o subsolo estava atrás dos destroços do helicóptero.
Rodrigo
Quase lá, depois posso descansar.
A maioria dos quase humanos tinham se afastado dos destroços em chamas, seguindo algum instinto primário talvez. Ele tinha perdido sua arma a caminho, e se pudesse correr para trás das lápides da parede oeste...
Rodrigo sentou-se calmamente, a dor piorando, fazendo-o se sentir enjoado e fraco. Devia haver um frasco de liquido hemostático no kit de primeiros socorros do presídio,ele poderia ao menos diminuir o sangramento interno, apesar de já estar preparado para aceitar a morte, tanto quanto qualquer um.
Mas não antes de chegar até a garota.
Rodrigo
Eu a capturei, eu a trouxe aqui. É minha culpa, e se eu morrer, ela morre também.
Apesar de todo o terror que tinha testemunhado naquele dia, os amigos que tinha perdido e o constante sofrimento de uma horrível morte, ele não conseguia parar de pensar nela. Mayo tinha sangue nas mãos, claro, mas não de propósito, não como a Extell. Não como ele. Ela não tinha matado por ambição, ela não tinha feito ser indiferente por todos esses anos...e ter visto sua equipe de elite virando espaguete pelos monstros, ter passado o dia lutando por sua vida, estava claro que levar a Extell par a justiça era o que os moçinhos faziam. A garota merecia algo por aquilo, mesmo se não for para morrer sozinha e no escuro. E aconteceu de ele estar com um molho de chaves tiradas do cinto de um guarda, com certeza uma delas serviria.
Faíscas subiam dos destroços para o céu escurecendo, pequenos insetos brilhantes sumindo, ocasionalmente acertando um dos zumbis mais próximos, chiando em sua pele cinza antes de apagar. Eles não se incomodavam. Rodrigo apertou os dentes e ficou de pé, ciente de que a jovem Mayo não duraria dez minutos sozinha, ciente de que queria lhe dar uma chance. Não era o mínimo que podia fazer, era simplesmente a única coisa restando.
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