Seu irmão Gref havia sido apanhado por um enorme Espírito-Sombra, que tinha a forma imprecisa de um Borzog, uma criatura há muito extinta. Tinha pelo menos quatro trechos de altura e ombros larguíssimos. Seus braços se estendiam até abaixo dos joelhos e as duas presas em sua mandíbula inferior eram do tamanho das mãos de Tal. Sob a luz que vinha da torre, ondulava, na escuridão quase total, uma coisa de contornos e feições indefinidos.
A coisa mantinha Gref debaixo de um dos braços e havia puxado sua sombra-guardiã sobre o rosto do menino como uma mordaça. Não havia sinal algum do Escolhido a quem o Espírito-Sombra servia. Mas a quem quer que a coisa servisse, estava levando Gref de volta, provavelmente para o balcão da torre mais abaixo, onde Tal havia começado sua subida.
Tal hesitou. Queria salvar Gref, mas sabia que seria apanhado também. Isso não iria ajudar ninguém, nem a eles, nem a sua família. Como antes, sua única chance estava lá em cima, com as Pedras-do-Sol. Tal enfrentou o Véu mais uma vez. Tinha cometido um erro ao penetrá-lo muito devagar. Dessa vez, precisava chegar lá em cima, conseguir um apoio e subir através do Véu o mais rápido possível.
Respirou fundo várias vezes e levantou-se rápido, com as mãos estendidas acima da cabeça. Seus dedos roçaram numa pedra e, em seguida, sentiu alguma coisa em que poderia se agarrar. Um instante depois, sua cabeça penetrou no Véu.
Mais uma vez, a escuridão era total. Mas agora Tal estava preparado para ela. Ergueu-se por sobre a gárgula seguinte e estendeu a mão, à procura de outro apoio. Achou um, subiu novamente e, em seguida, repetiu a operação.
Ainda não havia saído do Véu e começou a ficar sem ar. Hesitante, respirou lentamente. Deu certo, mas o medo de não ser capaz de respirar foi logo substituído por outro temor. E se estivesse perdido no Véu? Talvez fosse impossível atravessá-lo, a não ser por dentro de uma das torres. Talvez estivesse preso dentro do Véu para sempre!
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